A partir do século XVIII desenvolveu-se, em Aveiro, a arte cerâmica - peças utilitárias, decorativas, presépios, calvários e imagens devocionais. Em 1774, foi fundada por João Rodrigues Branco a Fábrica do Côjo, sita no antigo “Esteiro das Azenhas” ou Canal do Côjo, daí o nome da fábrica. Na época, as antigas olarias aveirenses fabricadas apenas com barro vermelho estavam no seu auge, pelo que, a nova fábrica foi destinada, desde o início, ao fabrico de louça com barro branco.
Em meados da década de 1840, dela dizia o governador civil: "Há nesta cidade uma única fábrica de louça muito ordinária, a qual posto que tenha o consumo suficiente para se conservar no seu pé actual, não pode contudo prosperar, por haver muito melhor louça na Fábrica da Vista Alegre, muito próxima desta Cidade, e mesmo porque a que naquela se fabrica é inferior em qualidade à das Fábricas do Porto de que muito se consome neste Distrito".
Durante anos foi fabricada na
Fábrica do Côjo louça que podia competir com produtos idênticos oriundos de
Coimbra e Porto. A Fábrica do Côjo acompanhou o progresso de fabrico sentido na
actividade, não descurando a qualidade e o leque variado de produtos. A partir
de 1860, esteve sob a orientação de Pedro Serrano. Dedicou-se ao fabrico de
azulejos, mediante a nova técnica de estampilhagem.
O pintor e santeiro Pedro Marques «Serrano», seu arrendatário desde 1861, morre em 1890. A viúva, Ana Joaquina dos Santos Marques, que entretanto obtivera alvará para "continuar a produção de louça ordinária", assegura a manutenção da fábrica até à sua morte, em 1907. Terminava, assim, a Fábrica de Louça do Cojo.
O pintor e santeiro Pedro Marques «Serrano», seu arrendatário desde 1861, morre em 1890. A viúva, Ana Joaquina dos Santos Marques, que entretanto obtivera alvará para "continuar a produção de louça ordinária", assegura a manutenção da fábrica até à sua morte, em 1907. Terminava, assim, a Fábrica de Louça do Cojo.
No último período, a indústria
cerâmica atingiu a sua face industrial e os azulejos perderam as suas
qualidades de trabalho manual, passando a ser desenhados e fabricados por
processos mecânicos - são os azulejos denominados estampados ou estampilhados
que foram muito utilizados no revestimento de fachadas, corredores de igrejas e
outros edifícios. Apesar da qualidade ser inferior do ponto de vista artístico
em relação aos azulejos dos dois primeiros períodos, eles ainda constituem um
excelente material. De acordo com Marques Gomes, o Coro da
Igreja do Carmo é forrado com azulejos fabricados na Fábrica do Côjo.
É difícil a identificação de
azulejos produzidos pela Fábrica do Côjo, dado que, não aparecem marcados,
contudo, o mais importante é o conhecimento de que os mesmos foram aí
produzidos durante os três primeiros quartéis do século XIX até à sua extinção
em finais da década de 70. O seu desaparecimento fez com que a região ficasse
dependente do Porto. A região ressentiu-se, estudando a questão de que tinha ao
seu dispor matéria-prima rica e abundante.
Marca da Fábrica do Cojo, Aveiro, Portugal. Pub. In Faianças Portuguesas, catálogo com investigação de Alexandre Nobre Pais, Fundação Ricardo Espírito Santo Silva, Lisboa, 1998. |
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